segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Oi, Maninha.


Avaré, 05 de Janeiro de 2014.

Hoje, meu último dia de recesso do trabalho, eu parei para rever minhas caixas de memória. Hoje, sem querer, sem pensar e sem forçar, eu relembrei você. Das cartas às fotos E lembrei o quão doloroso é saber que a nossa amizade, tão viva e tão plena no passado, anda doente e distante nesse presente de meu deus.

Reli as muitas cartas que você me escrevia e sempre me integrava dizendo: não lê na minha frente, tá lu? Tenho vergonha. Revi as fotos do seu casório e pude revisitar aquela sensação única que só um casamento árabe me fez sentir. Desde a sua entrada, com risos e palmas (contrariando as tradições dos chorosos casamentos cristãos), até a dança de roda que só fez unir todos os convidados em uma só emoção e um só querer.

Recordei as divertidas tardes de estudo regadas a almoços deliciosos e fofocas sem fim. E lembro, minha Maninha, lembro que você por muitas vezes foi capaz de trocar o seu sorriso pelo meu. Lembro do quanto você vibrou com aquele meu inacreditável 8,5 em matemática. Resultado do seu amor em minha vida, do seu cuidado.

E aquele dia na avenida paulista? Você consegue recordar? O dia em que você foi testemunha de uma linda história, que anda tendo resquícios no meu coração ainda hoje, quase sete anos depois. Até ali, quando meus olhos brilhavam e meu coração batia em ritmo de escola de samba, até ali você estava comigo, minha Maninha.

Você, minha Maninha, continua sendo uma das pessoas mais bonitas que eu já conheci. E olha que eu já pude conhecer algumas pessoas nessas minhas andanças pelo mundo. Mas não, eu não falo só dessa sua beleza física imponente. Falo de uma beleza branda, serena, poética. Falo de uma beleza pura, livre, que faz com que lágrimas de eterna gratidão caiam dos meus olhos inundando o meu coração com os sentimentos mais belos.

Fico pensando em como Deus foi bom em ter permitido esse nosso encontro. Por isso eu resolvi te escrever. Para te manter em mim. Tenho medo de te esquecer, tenho medo de ter raiva dessa nossa distância continental, tenho medo que o tempo deixe a nossa amizade presa no passado. E eu não quero ela presa. Quero ela livre, como sempre foi.

Sim, eu sei que nossos caminhos tomaram rumos visivelmente diferentes. Você se casou, teve duas filhas e mora no Canadá. Eu terminei aquele namoro (sim, Maninha, papo pra outra carta), adotei a Mafaldinha – minha filha felina – e trabalho no interior de São Paulo, depois de ter armado barraca por uns tempos no Rio e no Sul.

Sim, também sei que a nossa comunicação anda péssima, por ambas as partes. E sim, desde o nosso último abraço, em meados de 2012, eu realmente não faço a menor ideia de quando te abraçarei de novo.

Aliás, receba essa carta como um abraço, minha Maninha. Ela é o meu abraço, o meu beijo, o meu cuidado, o meu querer. Ela é um tantinho desse meu amor por você.

Eu não podia deixar que 2014 entrasse na minha vida sem te visitar em palavras. Não podia seguir por esses primeiros dias calorosos de janeiro sem desejar a você todas as luzes divinas. Não podia me jogar no mundo sem cantar pra você todo o meu carinho e todo o meu afeto.

Você me faz mais forte, sabia?

Porque só de te escrever – mesmo não sabendo se você vai ler – eu me sinto mais leve. Sabe aquela sensação purificante que a água de uma cachoeira nos causa? Então, é assim que eu me sinto, nesses restinhos de palavras.

Obrigada por me amar, minha Maninha, mesmo que em silêncio.

Obrigada por compreender os meus sumiços. Obrigada por me fazer crer que não há oceano no mundo capaz de calar nossa amizade.

Eu te quero bem, minha Maninha.

Te quero bem.
 
Lu.

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